Filme conquistou muitos fãs no Brasil
Por Cotidiano Alagoas

O Milagre Veio do Espaço (título original: Batteries Not Included), lançado em 1987, é um daqueles clássicos da “Sessão da Tarde” que, apesar de não ser uma obra-prima do cinema, conquistou o coração de muitos espectadores. Dirigido por Matthew Robbins e produzido por Steven Spielberg, o filme mistura ficção científica com drama familiar, criando um equilíbrio entre a magia das pequenas coisas e os desafios da vida cotidiana. A história gira em torno de um grupo de inquilinos que luta para salvar seu prédio da demolição, até que pequenos seres extraterrestres aparecem para ajudar.
O roteiro, assinado por Robbins e Brad Bird, explora temas como a força da comunidade e a resistência frente às adversidades. O que o filme faz de maneira admirável é desenvolver esses temas através de personagens carismáticos, que vão desde o casal de idosos que comanda o restaurante, interpretados por Hume Cronyn e Jessica Tandy, até os próprios “ajudantes” alienígenas. Embora a trama seja previsível e sem grandes reviravoltas, a simplicidade é um dos pontos fortes do filme, permitindo que o público se conecte emocionalmente com a história.

A presença dos pequenos robôs alienígenas, que lembram brinquedos antigos, dá ao filme um tom lúdico, quase infantil, mas sem perder a seriedade das questões que aborda, como o medo da mudança e o enfrentamento de crises. O design dessas criaturas, simples mas eficaz, é um acerto que contribui para a atmosfera de encantamento e otimismo que permeia o longa. Seus movimentos e personalidades são delineados com poucos recursos tecnológicos, o que realça o charme artesanal do filme.
O elenco faz um trabalho excepcional ao lidar com esse equilíbrio entre o fantástico e o mundano. Hume Cronyn e Jessica Tandy, que eram casados na vida real, trazem uma química inegável para seus papéis, o que fortalece o núcleo emocional da trama. A relação do casal com os robôs alienígenas, tratados quase como filhos ou netos, é um dos aspectos mais tocantes do filme. É difícil não se emocionar com a jornada deles, que ao mesmo tempo em que lutam contra a destruição de seu lar, reencontram propósito e alegria.

Por outro lado, os vilões da trama, representados pelos empresários sem escrúpulos que querem demolir o prédio, são bastante unidimensionais. Embora isso seja um clichê comum em filmes da década de 1980, a falta de desenvolvimento desses antagonistas torna o conflito menos envolvente do que poderia ser. O espectador sabe que os inquilinos vencerão, mas a jornada até esse ponto poderia ter sido mais rica se houvesse mais nuances nos personagens que representam o “mal”.
Em termos visuais, o filme utiliza efeitos práticos que, embora datados para os padrões de hoje, ainda possuem um charme inegável. A ausência de CGI sofisticado dá ao filme uma autenticidade que muitas produções contemporâneas, carregadas de efeitos digitais, não conseguem replicar. As interações entre os atores e os pequenos robôs são bem coreografadas, e é impressionante como os cineastas conseguem transmitir emoções através de máquinas inanimadas.
A trilha sonora, composta por James Horner, complementa perfeitamente a atmosfera mágica e emotiva do filme. Com temas melódicos e suaves, a música realça os momentos de ternura e tensão, sem jamais sobrecarregar as cenas. Horner, que é conhecido por seu trabalho em filmes como Titanic e Coração Valente, entrega aqui uma trilha que é memorável na medida certa, ajudando a construir o tom nostálgico que o filme evoca até hoje.
É importante ressaltar que O Milagre Veio do Espaço é um filme que apela fortemente para a nostalgia. Quem cresceu assistindo à “Sessão da Tarde” provavelmente guarda boas lembranças da história, o que pode influenciar a percepção de qualidade. Visto hoje, o filme tem um ritmo mais lento do que as produções atuais e pode parecer simplista, especialmente para quem não tem essa conexão emocional prévia.
Em resumo, O Milagre Veio do Espaço é um filme que, apesar de suas falhas e previsibilidade, consegue ser cativante. Ele não reinventa a roda, mas a simplicidade de sua narrativa e o apelo emocional de seus personagens garantem uma experiência satisfatória. Para aqueles que buscam um entretenimento leve, com uma pitada de fantasia e uma mensagem positiva sobre a importância da união, este filme continua sendo uma escolha válida.
Por fim, como todo bom clássico da “Sessão da Tarde”, O Milagre Veio do Espaço é um filme que consegue cativar gerações, trazendo à tona aquela sensação calorosa de que, no fim, tudo dará certo, especialmente quando se tem pequenos amigos alienígenas para ajudar.
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