No bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, Lô Borges formou com amigos músicos o embrião do que viria a ser o movimento Clube da Esquina

Por Cotidiano Alagoas

Lô Borges – Reprodução

Em 10 de janeiro de 1952 nasceu Salomão Borges Filho, mais conhecido como Lô Borges, um dos pilares da música brasileira que ajudou a redefinir a identidade sonora do país. Com trajetória iniciada em Minas Gerais, Lô faleceu em 2 de novembro de 2025 em Belo Horizonte, deixando um legado artístico e musical que ultrapassa gerações e permanece vivo na memória da música nacional.

O surgimento de um movimento e de uma voz singular

No bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, Lô Borges formou com amigos músicos o embrião do que viria a ser o movimento Clube da Esquina — álbum‑coletivo lançado em março de 1972, ao lado de Milton Nascimento.

Esse álbum, dupla assinatura “Milton Nascimento & Lô Borges”, tornou‑se referência por mesclar MPB, folk, rock, jazz e elementos regionais de Minas com uma originalidade rara.

Em paralelo, ainda em 1972, Lô lançou seu primeiro álbum solo, auto­intitulado Lô Borges, conhecido como “Disco do Tênis”, por causa da capa com um par de tênis usado pelo artista.

Obras essenciais e a obra que importa

No álbum Clube da Esquina, encontram‑se canções que se tornaram marcos da MPB, por exemplo “O Trem Azul” e “Um Girassol da Cor de Seu Cabelo”. Ambas integram o repertório de 21 faixas do álbum.

Já o álbum solo Lô Borges reúne 15 faixas distintas, com sonoridade experimental e autoral — faixas como “Você Fica Melhor Assim”, “Calibre”, “Toda Essa Água” estão neste trabalho.

Essas duas obras, lançadas no mesmo ano, ajudam a entender o quão fecundo foi 1972 para o artista — um ano em que ele participou de algo coletivo que marcou a música brasileira e ao mesmo tempo expôs sua voz individual.

Legado artístico, influência e persistência

O legado de Lô Borges se divide em três vetores principais:

  • Identidade musical regional com alcance universal: Ele trouxe a sensibilidade mineira — das serras, dos becos, dos encontros informais — para uma música que dialoga com o Brasil inteiro.
  • Inovação sonora: Na dupla obra de 1972 e nos trabalhos seguintes, Lô misturou influências de rock, jazz e folk com MPB, explorando arranjos pouco usuais para o contexto.
  • Duração e consistência: Mesmo após os anos áureos, Lô continuou compondo, gravando e influenciando novos músicos, como Samuel Rosa, por exemplo, mantendo sua relevância no panorama da música brasileira.

O álbum Clube da Esquina figura entre os discos mais importantes da música brasileira (e até mundial), sendo considerado pela crítica internacional como um “marco” no cruzamento entre o popular e o experimental.

Após um período de afastamento dos estúdios, Lô Borges retomou sua carreira com discos importantes:

  • 1979: A Via-Láctea
  • 1981: Nuvem Cigana – Estes álbuns trouxeram sucessos radiofônicos e reforçaram seu talento para melodias sofisticadas e letras profundas.
  • 1984: Sonho Real

​Após a década de 80, Lô Borges continuou a produzir, com alguns álbuns notáveis:

  • 1996: Meu Filme
  • 2004: Um Dia E Meio
  • 2009: Bhanda
  • 2011: Horizonte Vertical

​Na fase mais recente de sua carreira, Lô Borges se manteve muito ativo, lançando discos anualmente e mostrando uma inspiração inesgotável, muitas vezes em parcerias:

  • 2019: Rio da Lua
  • 2020: Dínamo
  • 2021: Muito Além do Fim
  • 2022: Chama Viva
  • 2023: Não Me Espere Na Estação
  • 2024: Tobogã
  • 2025: Céu de Giz (com Zeca Baleiro)

​Além dos álbuns de estúdio, sua discografia inclui trabalhos ao vivo e parcerias, como:

  • Samuel Rosa & Lô Borges Ao Vivo no Cine Theatro Brasil (2016)
  • Tênis + Clube – Ao Vivo No Circo Voador (2018)

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