Evento acontece neste sábado (19) no Clube Recreativo Paulojacintense às 23h
Por Lucas França

A cidade de Paulo Jacinto, na Zona da Mata de Alagoas, está em festa e se prepara para celebrar os 73 anos do tradicional Baile da Chita, evento que acontece desde a década de 50 e foi responsável pela emancipação do município.
O baile mais antigo do estado e um dos mais importantes do Nordeste, é o 6º Patrimônio Imaterial Histórico e Cultural de Alagoas e será realizado neste sábado (19), a partir das 23h no Clube Recreativo Paulojacintense (CRPJ) com animação da banda Golden Time e da cantora Bete Nascimento, ex-Mastruz com Leite.
De acordo com o diretor-presidente do CRPJ, Renato Nascimento, um dos responsáveis pela organização da festa este ano, já está tudo preparado para receber a população e os visitantes que irão prestigiar o evento.

“É um evento tradicional que movimenta toda a nossa cidade, pois faz parte da nossa história e merece ser feito com todo carinho e respeito. Então, desde o início do ano trabalhamos para fazer um grande baile. São 73 anos de história e tradição e por aqui, tudo será feito com a maior segurança para receber nosso público’’, ressalta Nascimento.
O Baile da Chita é a maior tradição da cidade. Um evento histórico, cultural e sociopolítico de Alagoas. A realização dele é de fundamental importância, porque dá prosseguimento à cultura que foi o ponta pé inicial da emancipação da cidade. Segundo o assistente social e pesquisador da história do município, Valney Erick, a festa sobrevive até os dias de hoje como forma de homenagear os idealizadores e manter firme a identidade cultural do povo paulojacintense.
“A sobrevivência do baile é graças à determinação dos dirigentes do clube, sobretudo o apoio incondicional de muitos munícipes e amantes desta cultura, que ao longo desses 73 anos de existência vem abraçando a nossa cultura. Para mim, a existência do Baile da Chita, é saber que ele por sua vez, foi um grande anfitrião de um sonho que nasceu dos nossos antepassados, com a finalidade de alcançarem a tão sonhada Emancipação Política’’, relembra o pesquisador.

Para a cantora, filha da idealizadora do baile e uma das primeiras rainhas, Leureny Barbosa, a tradição é a cultura mais importante para o município. “É o evento mais importante da nossa cidade, tanto que se tornou patrimônio do estado. Minha mãe foi idealizadora, realizou alguns dos bailes. O evento é indiscutivelmente histórico e importante para o estado. Sou suspeita em falar, fui rainha em 1961, minha irmã foi à primeira rainha. E sobreviver esses anos todos é inexplicável. Talvez o amor com que se foi feito anos atrás pode estar ligado a essa sobrevivência”, comenta.
E por falar em rainha, a estudante Alice Danyella, 15 anos, filha de Danila Carlos e Daniel de Souza Vieira, foi eleita no dia 30 de maio deste ano como rainha de 2025, através de um concurso com outras quatro jovens e com votação dos associados e diretores do CRPJ. Para ela, ser rainha do Baile da Chita sempre foi um sonho.

‘’Me sinto muito lisonjeada de representar a minha terra nesta tradição que é o Baile da Chita, que vem dando continuidade há 73 anos de história. Tudo que estou vivendo está sendo mágico. Um sonho de criança que vem se realizando. Agradeço muito a todos os sócios e diretores que votaram em mim neste concurso’’, fala Alice acrescentando que teve o apoio de toda família desde o momento que decidiu se candidatar ao posto de rainha.
E este apoio foi confirmado pela mãe, Danila Carlos, que não esconde a emoção de ter uma filha rainha de um baile tão famoso na região.” Ficamos todos emocionados com o resultado. É um sonho de muitas jovens da nossa cidade e o sonho dela acabou se tornando de toda família, por isso, desde o início apoiamos sua decisão em participar dá continuidade a nossa tradição’’.
ECONOMIA
No período da festa, a movimentação na cidade aumenta. Gerando mais renda para o comércio local. Nessa época as costureiras da cidade fatura, pois muita gente quer ir seguindo a tradição e acabam em busca das profissionais para fazer suas roupas com o tecido chita.

Quem também fatura com o baile são os pequenos comerciantes e ambulantes que acabam vendendo seus produtos nos arredores do clube.
HISTÓRIA E TRADIÇÃO
A história do baile está diretamente liga a história do município, uma vez que é um ano mais antigo do que a própria cidade, justamente porque o baile foi organizado com o propósito de angariar fundos (recursos) para emancipar a cidade que pertencia a Quebrangulo. O evento surgiu após várias reuniões entre Josefa Barbosa (a idealizadora, In memória), José Aurino de Barros (In memória), e outros membros da comunidade, que discutiam o que fazer para pagar o advogado e emancipar o povoado que pertencia a Quebrangulo.
EVENTO AGREGA OUTRAS TRADIÇÕES HISTÓRICAS
Nos preparativos para o primeiro baile, Josefa teve a ideia de colocar uma rainha, uma vez que o baile seria realizado após os festejos juninos, no mês de julho. A rainha era eleita através dos fundos adquiridos, a que mais arrecadasse dinheiro na venda de rifas e bingos seria a eleita. Todos esses acontecimentos se deram por volta da década de 50.
Como uma forma de dá continuidade a tradição, a escolha da rainha ainda acontece, com algumas modificações. Como não se trata de arrecadação de dinheiro para emancipação, atualmente a escolha da rainha é feita com votos dos diretores ou associados do clube. Para participar deste momento a jovem tem que obedecer a alguns requisitos como, por exemplo, ter idade entre 15 e 18 anos, ser natural da cidade ou morar na cidade.
MÚSICA
A musicalidade também se tornou importante. Na época, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira estavam fazendo sucesso com a composição Propriá, que carinhosamente ficou conhecida como Rosinha de Propriá pelos paulojacintenses, por se tornar a chamada de abertura do evento. Até hoje a música Propriá, ainda é tocada pelas bandas e orquestras convidadas, na abertura do baile.

Shows aberto ao público foram inseridos na programação
Para acompanhar a festa privada, a prefeitura da cidade realiza uma festa gratuita com shows com grandes nomes da música regional. A Festa da Chita (aberta ao público) vai acontecer nos dias 19 e 20 de julho. Este ano, se apresentaram no palco montado na Praça de Eventos Zefinha Barbosa, as bandas: Jonas Esticado, Sâmia Maia, Baby Som, Fábio Costa, Rodolpho Pegação, Vera Santos e Maciel Valente.
O secretário de Cultura de Paulo Jacinto, Everaldo Tenório, pontua que a festa na rua também mantém viva a cultura da cidade.
“A Festa da Chita é mais que uma celebração, é a alma cultural de Paulo Jacinto. Mantê-la viva é preservar a nossa história, a identidade do nosso povo e fortalecer a economia local. A cada ano, ela une gerações, movimenta o comércio e leva o nome da nossa cidade para além das fronteiras. Valorizá-la é valorizar quem somos’’, pontua Everaldo.
As ordens de apresentação e horários de cada artista ainda não foi divulgado pela organização.
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